Chamada para Trabalhos N.º 7: Emoções em Comparação: Dinâmicas Literárias e Culturais
Prazo para envio dos artigos: 30 de Novembro de 2024
Publicação: Junho de 2025
Editores:
Inês Robalo (Universidade de Lisboa, Portugal)
Markus Ebenhoch (Universidade de Salzburgo, Áustria)
Cristiana Vasconcelos Rodrigues (Universidade Aberta, Portugal)
Nas últimas duas décadas, fala-se de uma "viragem afectiva" (“affective turn”), levada a cabo no âmbito das humanidades; este número da Compendium pretende pensar esta questão. Neste sentido, procuramos contribuições dedicadas à representação das emoções na literatura e às dinâmicas estéticas e críticas por esta geradas no estudo da narrativa e da codificação das emoções. Com efeito, o foco que as humanidades têm feito incidir sobre o afecto e a emocionalidade, como refere Marianne Liljeström, contribuiu para se prestar uma atenção redobrada “às qualidades sensuais do ser, e à sua capacidade de experienciar o mundo de formas profundamente relacionais e produtivas” (2016: 16). Sintomaticamente, em The Cultural Politics of Emotion, Sara Ahmed defende que, ao se observar o modo como “as emoções circulam entre os corpos, examinando como se ‘fixam’ assim como se movem” (2014:4), torna-se possível identificar “economias afectivas” (2014:46), isto é, um fórum de trocas entre o individual e o social.
O mapeamento da relação entre literatura e emoções constituiu um aspecto que tem merecido a atenção dos estudos literários desde longa data. De facto, o modo como as emoções são representadas e trabalhadas em narrativas ficcionais constitui, em muitos casos, um elemento fundamental para a caracterização de géneros literários e mudanças nos paradigmas estéticos. A este respeito, o romance sentimental, o melodrama, o romance de formação (“Bildungsroman”), constituem géneros cujos princípios estéticos e cujas problemáticas estão intimamente ligados à representação das emoções. Para além de supostos excessos de emotividade, que se relacionam, por exemplo, com as noções do sublime e do melodramático (Brooks 1995), também é possível encontrar estratégias de contenção e supressão das emoções (ex.: a noção de “scrupulous meanness” de James Joyce, ou o efeito de estranhamento brechtiano), constituindo apenas uma fracção da riqueza das dinâmicas emocionais trazidas pela literatura moderna e contemporânea. Para além disso, no que toca a textos não-ficcionais, o panfleto ou o manifesto assomem como exemplos em que, no contexto da polémica, têm lugar batalhas de palavras com uma carga emocional assinalável.
Assim, convidamos à submissão de artigos com uma abordagem comparatista sobre a representação das emoções em textos ficcionais e não-ficcionais, que reflictam acerca dos seguintes tópicos:
- Narrativização das emoções;
- O papel da focalização na modelação literária de reacções emocionais;
- A relação entre emoção e figura retórica;
- Emoções e argumentação em textos ficcionais e não-ficcionais;
- A relação textual entre afecto, emoção, sentimento e razão;
- Emoções no discurso filosófico.
Referências:
Ahmed, Sara (2014). The Cultural Politics of Emotion (2 ed.). Edinburgh University Press.
Brooks, Peter (1995). The Melodramatic Imagination. Balzac, Henry James, and the mode of Excess (2 ed.). Yale University Press.
Liljeström, Marianne (2016). “Affect”. The Oxford Handbook of Feminist Theory, Lisa Disch e Mary Hawksworth, 16-38. Oxford University Press.
Os artigos podem ser escritos em português, inglês, espanhol ou francês, e devem ter entre 6.000 e 8.000 palavras, incluindo notas, referências, um resumo de 150 a 250 palavras e 4 a 6 palavras-chave. Os autores devem seguir as normas de formatação indicadas em Instruções para os Autores. Os artigos devem fazer-se acompanhar de um segundo documento contendo uma breve nota biográfica do/a autor(a), de até 150 palavras, e a referência ORCiD.
Submissão electrónica: para efectuar a inscrição e submeter o seu artigo a arbitragem científica, siga a hiperligação Nova Submissão na página de entrada da Compendium até 30 de Novembro de 2024.