Errâncias

O Acervo Biojuntado de Décio Pignatari

Resumo

Este trabalho tem por objetivo analisar o livro Errâncias, do escritor brasileiro Décio Pignatari. A incursão no universo da narrativa biográfica e ficcional, com a publicação de O rosto da memória (1986), Panteros (1992) e Errâncias (2000) reiterou e atualizou, simultaneamente, elementos da poética de vanguarda do concretismo e questões teóricas da sua atividade intelectual em Comunicação e Semiótica. Estas obras podem ser situadas no “território fotoliterário”, como nomeia o crítico Jean-Pierre Montier (2015). Impresso em formato de álbum fotográfico, Errâncias articula as imagens do “acervo biojuntado” (Pignatari 10) pelo escritor com textos que hibridizam o ensaio biográfico e a autobiografia, em que se folheiam, como sugere a “metáfora do álbum” (Reverseau, 2017), as páginas de uma vida e as reflexões sobre amigos, referências intelectuais, paisagens e textos lidos. O pensamento por aglutinação, como proposto neste trabalho, tensiona as fronteiras entre as linguagens, os gêneros textuais e os regimes discursivos da ficção, do ensaio e da autobiografia, também atuando como procedimento que aproxima o arquivo de escritor ao projeto de obra. As questões trabalhadas dialogam com os pressupostos da teoria literária, da psicanálise e dos estudos sobre imagem e arquivo.