Exílio e Memória na Poesia de Yolanda Morazzo
DOI:
https://doi.org/10.51427/com.jcs.2024.05.0009Palavras-chave:
Cabo Verde, diáspora, exílio, literatura africana de língua portuguesa, poesiaResumo
Análise de quatro livros de Yolanda Morazzo que foram reunidos em Poesia Completa (1954-2004) na investigação de uma poética da diáspora que atualizou a história oficial a partir do exercício da memória, em trânsitos por Portugal e por Angola, nos quais manteve os elos identitários e culturais com Cabo Verde. A sua extensa obra poética evidencia a resistência da voz feminina que, nos exercícios da oralidade e de outras modalidades performáticas, estão alinhadas com a nação cabo-verdiana, a qual constantemente relembrou e reavivou em seus versos de diáspora, na remissão da crioulidade pela diferença que rearticulará projetos globais, em tensão entre o hegemônico e o contra-hegemônico. O artigo percorre a recepção do que foi considerado subalterno na perspectiva das histórias locais que, embora identifiquem esse lócus de origem, também procuraram a reversão de preconceitos que inspiraram na crença comum de que somente as pessoas que são de algum lugar considerado privilegiado podiam “falar”. Com base em Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco, Edward Said, Inocência Mata, Manuel Brito-Semedo, Simone Caputo Gomes, Toni Morrison, Walter Mignolo e outro/as percebo a poesia reivindicativa da inclusão de segmentos sociais injustiçados, na Literatura representativa do encontro com o outro.
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